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Foto do escritorMax Mustrangi

Títulos do agro devem pagar mais para atrair investidor – mas risco preocupa!

14/10/2024 07h00 • Atualizado 1 semana atrás


“É questão de tempo até termos mais CRAs estourando”, disse um especialista em reestruturação de empresas!


Os pedidos de recuperação judicial de AgroGalaxy (AGXY3) e Portal do Agro não foram casos isolados e só mostram que o momento delicado para o agronegócio começou a atingir empresas maiores, segundo analistas ouvidos pelo InfoMoney. Diante dessa percepção, só vale a pena emprestar dinheiro para o setor se as empresas pagarem um prêmio maior. 


Por isto, as próximas emissões de CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) já vão pagar mais aos investidores, segundo Danilo Ribeiro, CEO da Paramis Capital. “O mercado já vem pedindo mais prêmio nas emissões primárias e olhando risco a risco de cada operação”, diz o especialista em crédito privado.


O agronegócio enfrenta ao menos quatro empecilhos: clima desafiador para a produção, desconfiança do mercado para conseguir crédito, Selic alta que encarece as dívidas e possível efeito inflacionário que a saída de duas varejistas importantes da área causaria.


“O mercado está percebendo o problema como estrutural e sistêmico”, diz Max Mustrangi, CEO da Excellance e especialista em reestruturação de empresas. Ele completa: “é questão de tempo até termos mais CRAs estourando”


Jônatas Pulquério, ex-diretor de Gestão de Risco Agropecuário do Ministério da Agricultura, disse que eventos como a RJ da AgroGalaxy “podem minar a confiança dos investidores e credores, o que afeta diretamente o acesso ao crédito e ao capital necessários para impulsionar o setor”. Ele estava no governo quando a varejista pediu recuperação judicial. Na sua avaliação, a estrutura de crédito da AgroGalaxy foi prejudicada pela inadimplência de produtores, fator que aumenta a preocupação com toda a cadeia.


Escassez de CRAs 


O cenário desafiador ainda pode criar uma tendência incomum, de alta nas taxas enquanto o número de emissões cai. “As emissoras vão encontrar um mercado fechado para o financiamento”, diz Mustrangi


Houve apenas oito requerimentos de ofertas de CRAs em setembro, com volume de R$ 1,5 bilhão. No mês anterior, foram 17 processos protocolados que somavam R$ 5 bilhões em emissões. A queda ainda chama a atenção na comparação com os CRIs, do setor imobiliário, que praticamente dobraram o número de requisições (de 34 para 61) e o volume (de R$ 3,4 bilhões para R$ 5,9 bilhões). 


A preocupação, aqui, é com um ciclo vicioso: as empresas precisam pagar mais para ter dinheiro emprestado, usam o que conseguiram no mercado de capitais para pagar dívidas de curto prazo, fazem novas dívidas e precisam novamente do mercado de capitais, que passa a pedir ainda mais prêmio para emprestar. E, como esses ciclos tendem a resultados prejudiciais, não vão fazer bem para o agro. 


“O empresário nem pensa se a dívida será mais cara, ele só quer sobreviver e comprar tempo para tentar achar uma solução”, analisa Mustrangi. Agora, fatores naturais que atrapalharam a safra passam a ser uma das esperanças do setor para gerar boas temporadas de colheitas e aliviar o caixa. 


Os especialistas também entendem que o motivo das emissões é um fator de preocupação, já que a maioria das empresas ligadas ao agro quer, hoje, captar via CRAs dinheiro para pagar dívidas de curto prazo, e não para realizar investimentos e, assim, passar uma mensagem de tranquilidade ao investidor de que está melhorando sua operação para ter condições de pagar a dívida no futuro e continuar rentável. 


Além dos casos AgroGalaxy e Portal Agro, a negociação de um ano da Valora, dona do Fiagro VGIA11, para costurar um acordo de pagamento da dívida de um CRA da Languiru fez o mercado pedir garantias cada vez mais concretas e líquidas para emprestar dinheiro via certificado de recebíveis. “As oportunidades de investimentos que devem se destacar são aquelas com papéis com mais garantia real e mais prêmio, principalmente nas emissões primárias”, segundo Ribeiro. 


Para Mustrangi, este é outro sinal ruim da saúde do agro no mercado de capitais: “vemos empresas hipotecando seus ativos para financiar o negócio; ou elas estão enxergando uma baita oportunidade de investimento, ou têm um baita problema e estão fazendo isto na tentativa de sobreviver”


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